Foram eles os primeiros heróis populares que não eram titãs infalíveis e unidimensionais como o Superman e o Batman daquela época. Já surgiram como uma família com suas dinâmicas particulares, e nenhum participante era a idealização de algo perfeito.A fase produzida por Kirby e Lee durou pouco mais de 100 edições, desde o comecinho dos anos 1960 até a década seguinte. Foi um marco cultural com ramificações que permanecerão para todo o sempre, inspirando até a epopeia de “Star Wars”. Mas tergiverso.Gostei de alguns aspectos do trailer. O elenco parece ter sido inteligentemente escalado. Reed, Sue, Johnny e Ben foram capazes de imprimir carisma nos poucos segundos de tela a que tiveram direito. Até o controverso robozinho HERBIE surgiu com algum brilho.E os personagens estão muito bem caracterizados! Além dos uniformes conceitualmente corretos, ainda vislumbramos a versão mais factível e encantadora do Coisa desde aquele filme requenguela e jamais lançado oficialmente do Roger Corman de 1994. E o Galactus aparece rapidinho, finalmente do jeito que sempre mereceu, aparentemente fiel também aos desígnios e designs de Kirby.Mas não gostei nada do resto do visual da produção. Pelo menos até aqui, os cenários são inspirados no que existe de mais genérico e sem alma do retrofuturismo clássico do audiovisual. É um desperdício de orçamento fazer um filme do “Quarteto Fantástico” que parece um live action dos Jetsons —quando a obra original foi imaginada justamente pelo prolífico gênio Jack Kirby.Também não agradou a maneira como resolveram demonstrar que o Coisa é humano e afetuoso, apesar de parecer um monstrengo: o maior trecho é dele cozinhando, num aceno à participação do ator na série “O Urso”. Ficou excessivamente derivativo e diminui a importância de algo tão relevante quanto uma adaptação do Quarteto pela própria Marvel.
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