Artista é meio blasé. De tanto estar nos lugares em que ninguém mais está ou eles se acostumam, ou eles simplesmente fingem que é normal. Menos Selton Mello. No Globo de Ouro, ele vai no cantinho chorar e filma (nunca pare, por favor)!. Ele chacoalha Fernanda Torres recém-premiada como eu fazia com minha amiga aos 15 anos quando o Marcelo Frommer dava uma palheta para ela nos show dos Titãs.O ator tem a espontaneidade de um Chicó, mostra os bastidores de um mundo que não nos compete e ainda escreve em verso (nunca pare, por favor, de novo). Emociona, emocionado, porque tudo é tão emocionante, mas também porque até os altos degraus onde jamais pisaremos também têm simplicidade quando se olha com verdade.Selton, aquele menino da TV, que agora é estrela grande, grandíssima, ali tocando seus rés e lás com o pessoal de Hollywood e colocando tudo isso na sala da minha casa. Primeiro, porque é importante para seu trabalho. Segundo, porque ele sabe que a gente fica feliz com isso.O ator é a liga das artes nesse início de ano em que teimamos em ter esperança, apesar dos nocautes da vida. É o alto escalão do cinema, com a simplicidade do Instagram que tem cara da sala da nossa casa. É capaz de fazer sorrir, por uma janelinha luminosa para a qual a gente olha o dia inteiro e também chorar na tela grande, quando nem está em cena, em uma camisa que um dia vestiu e agora a filha órfã cheira procurando o pai que todos perdemos (faço isso até hoje).Sean Penn, fã de Selton, está certo. A gente sente falta dele quando ele some da história em “Ainda Estou Aqui”. Mas ele vem, em versos, às vezes, em uma paródia sem pé nem cabeça sobre uma cobra gigante, em memória da cultura brasileira que protagoniza nas telas há 40 anos entre palhaços e mulheres invisíveis.Que sorte ser brasileira e poder ver Jack Black dizer “obrigado”. Ando ufanista de arte esses dias.
www.uol.com.br
![Selton Mello já é a melhor coisa da internet em 2025](https://terrafm94.com.br/wp-content/uploads/2025/02/jack-selton-e-paul-1738767057028_v2_615x300.jpg)