O empresário Wander Oliveira, que administra a obra de Marília Mendonça, afirmou que a cantora deixou músicas inéditas para serem lançadas pelos próximos 20 anos. Em entrevista ao portal g1, divulgada nesta terça-feira (19) no podcast “Marília – O outro lado da sofrência”, ele revelou que existe um pen drive com cerca de 110 arquivos da artista.
De acordo com o empresário, o catálogo da estrela reúne músicas lançadas em vida, registros de lives feitas durante a pandemia da Covid-19 e outras gravações inéditas. Um exemplo é o álbum “Decretos Reais”, cujas canções foram captadas durante a live “Serenata”, cerca de seis meses antes do acidente fatal, em novembro de 2021.
Marília também tinha costume de criar materiais de maneira caseira, como gravar rascunhos de músicas no celular. Como dono de parte dos direitos da obra da cantora, Oliveira participa das negociações para futuros lançamentos, incluindo gravações dos shows transmitidos pela internet. “A ideia é trabalhar dez músicas por ano. Existem coisas para 20 anos, com folga“, declarou o fundador da Workshow. Contudo, o acervo se estende a outros detentores. Além de Oliveira, a Som Livre possui o direito de explorar comercialmente tudo o que a artista fez em vida, devido a um contrato assinado em 2019. A mãe de Marília, dona Ruth Dias, e o cantor Murilo Huff, pai de Léo, único herdeiro da cantora, estão igualmente inclusos nas posses do catálogo. Família de Marília também possui direitos. (Foto: Reprodução/Instagram; Globo/Fábio Rocha) Para proteger o que já foi lançado e decidir o que fazer com os trabalhos inéditos, as partes precisam trabalhar juntas. No entanto, nem todas as decisões agradam todos os envolvidos. Um exemplo é a canção “De Quem É a Culpa?”, dueto póstumo entre Marília e Cristiano Araújo, que morreu em 2015. As vozes dos artistas foram unidas digitalmente, o que desagradou Oliveira. “Como [a vontade] era da família, eu não achei prudente não autorizar. Mas, se tivessem me perguntado, eu não gostaria que tivesse sido feito“, relatou. Continua depois da Publicidade Pen drive Conforme o empresário, um pen drive com gravações caseiras, que reúne registros de canções inéditas da cantora, tornou-se motivo de impasse entre os responsáveis pelo acervo. O material foi organizado por Juliano Soares, conhecido como Tchula, melhor amigo e parceiro de composição da artista, e reúne entre 100 e 110 arquivos. O dispositivo abriga ideias de composições, gravações em voz e violão, interpretações de Marília, de canções próprias e de outros artistas, entre outros registros. “Eu não achava que deveria ser meu ou de qualquer pessoa, que não fosse o Léo, o que tem nesse pen drive“, opinou Oliveira, afirmando que doou sua parte nos direitos ao espólio que será gerido pelo filho da estrela, quando ele completar 18 anos. “Para mim, o pen drive pertence ao Léo. Eu gostaria que, no momento em que ele tivesse entendimento, fosse entregue para ele, para fazer o que quiser. Isso é a história da mãe dele. Então, ficou entendido que os meus 50% seriam doados para o espólio. Mas, duas semanas depois, o advogado da família estava na Som Livre negociando o pen drive“, revelou. No momento, as negociações sobre os arquivos estão suspensas. (Foto: Globo/Nélio Rodrigues) Procurado pelo g1, Robson Cunha, advogado da família de Marília, reiterou que tudo que ela produziu em vida já pertence à Som Livre, e confirmou as conversas com a gravadora para o lançamento das músicas do pen drive. Cunha disse desconhecer qualquer trato de que o conteúdo do dispositivo ficaria armazenado como herança afetiva. Continua depois da Publicidade O advogado também afirmou que Oliveira inclui os arquivos do pen drive ao negociar o licenciamento de músicas inéditas da cantora. No momento, porém, todas as negociações sobre esses arquivos estão pausadas. “O Murilo obrigatoriamente precisa assinar todos os contratos que envolvem o Léo, o que ainda não aconteceu. Mas eu acredito que em breve deve acontecer, e aí nós teremos novos lançamentos da Marília“, explicou Cunha. Murilo Huff e Ruth Dias ainda não se manifestaram sobre o assunto. Em junho deste ano, os dois travaram uma disputa judicial envolvendo a guarda de Léo. Em nota ao g1, a Som Livre declarou ser a gravadora exclusiva do repertório musical de Marília e a responsável por qualquer lançamento futuro dela. “Todos os projetos foram e continuarão sendo idealizados em conjunto com o escritório representante da artista e sua família, sempre com profundo respeito à memória e ao legado de Marília“, finalizou.
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Fonte: hugogloss.uol.com.br