Depois de uma passagem complicada pela Record, Gugu Liberato por pouco não retornou para o SBT. A revelação foi feita por Homero Salles, braço-direito do apresentador por décadas, ao NaTelinha. Em entrevista publicada nesta quarta-feira (11), o diretor também falou sobre os salários que foram propostos, a fixação de Gugu por audiência e a polêmica que mais abalou o artista.
O apresentador assinou com a Record em 2009, após 28 anos no SBT. No canal dos bispos, porém, Liberato amargou índices insatisfatórios de audiência nos domingos, e o “Programa do Gugu” acabou fora do ar. Na época, ele decidiu tirar um ano de período sabático e viajar pelo mundo. Após esse tempo, segundo Salles, o apresentador chamou Silvio Santos para retornar à antiga emissora. Contudo, a grade de domingo, na qual por anos, o loiro reinou, estava ocupada por Eliana, Celso Portiolli e o próprio dono do canal. Silvio, então, ofereceu os sábados para Gugu, que sentiu um rebaixamento. “Ele falou: ‘Estou muito novo, preciso voltar pra TV’. A primeira pessoa que ele procurou foi o Silvio. O Silvio recebeu bem e ofereceu o sábado pra ele“, disse Salles.
“Era Portiolli e Eliana, né? Aí o Silvio ofereceu o sábado. O Gugu achou que era downgrade. Pegou pra ele, sabe? Ele falou: ‘Fiquei tanto tempo no domingo…’. Mas é com qualquer um, se você pedir para o Luciano Huck voltar para sábado, ele não quer. O Mion quer ir para o domingo, mas o Luciano não quer ir para o sábado“, exemplificou. Gugu ficou 28 anos no SBT antes de ir para a Record, em 2009. (Foto: Reprodução/SBT) O diretor contou que a proposta não agradou o apresentador. “Aí o Gugu ficou meio chateado de não voltar para o SBT, porque o primeiro pensamento dele era o SBT, óbvio. Mas não tinha espaço mesmo para ele no domingo. Não tinha o que fazer. Teria que apertar muito todo mundo. A gente achou que o Silvio ia abrir mão de um pouco do horário dele. A esperança nossa era que o Silvio encurtasse o programa dele. E aí o ajuste daria pra fazer. E nós pegaríamos o melhor horário, que era o que antecederia o Silvio. Às 19h, por aí“, comentou. “E o Gugu ficou chateado, ficou. E eu tomei as dores dele. Só que nessa altura do campeonato eu não morava mais no Brasil, eu morava nos Estados Unidos. Fiquei oito anos fora do Brasil, entre Estados Unidos e Europa. Mas estava morando nos Estados Unidos, e ele ia muito para lá, os filhos, a família dele estava lá. E a gente saía e conversava, e ele chateado. ‘Pô, eu quero voltar, mas, olha, sábado eu não quero’. Onde mais? Band, RedeTV!, Globo. Estava meio sem espaço“, relatou. Continua depois da Publicidade Foi então que Salles pensou em programas de temporada para Gugu. “Nessa época, a Regina Casé estava fazendo um programa sazonal na Globo. O Esquenta. E ele era sazonal. E eu usei isso como referência. Falei que se ele (bispo Marcelo Silva, vice-presidente artístico da Record) fizer um programa assim eu convenço o Gugu a vir por muito barato, como você pagaria para um outro apresentador“, relembrou. “Falei: ‘Gugu, pensa bem, olha que delícia, trabalha três meses e fica em Ibiza oito, sete, seis. Vai para onde você quiser, não muda mais. Só tem que fazer aquele programa’. Convenci“, contou. A partir daí, ele estreou o “Gugu”, atração nas noites de quarta da Record, e mais tarde, assumiu o comando do reality show “Power Couple Brasil” e do talent show “Canta Comigo”, todos em esquema de temporada. ‘Power Couple’ e ‘Canta Comigo’ foram os últimos programas de Gugu. (Foto: Reprodução/Record) Saída do SBT Na mesma entrevista, ao jornalista Thiago Forato, Homero também explicou a real razão da saída de Gugu do SBT. A proposta da Record, de acordo com o diretor, era de R$ 3 milhões mensais, e Silvio Santos chegou a oferecer um valor de R$ 2,5 milhões para o pupilo permanecer no SBT. O dono do Baú, no entanto, recuou ao saber que o contrato de Gugu com a emissora de Edir Macedo era de 8 anos. “O Gugu não saberia dizer não para o Silvio jamais. A proposta já tinha sido feita pela Record, embora não tivéssemos assinado. Era impossível o Gugu recusar, eram 3 milhões por mês, todo mundo sabia disso, mais premiações e tudo. E o Silvio queria saber o melhor mês de rendimento do Gugu no SBT para poder fazer uma proposta de negociação. Na conversa com o Silvio, a coisa foi se encaminhando para 2,5 milhões ou 2,6 milhões, que era algo que nós aceitaríamos“, disse. “Eu falei: ‘Bom, Silvio, nós estamos falando de oito anos. Porque o contrato da Record era oito anos. Para uma pessoa assalariada’. Oito anos? Quantos carnês significam? Ganhando três milhões por mês é brincadeira, né? Você vai direto pra Casas Bahia e monta outro carnê. E o Silvio olhou pra mim e falou assim: ‘Eu não vou deixar esse ônus para as minhas filhas’. Era muito significativo para a gente, porque na minha cabeça, do Gugu, a gente podia até aposentar depois da Record. Este é o motivo do Gugu ter ido. Simples assim“, revelou. Continua depois da Publicidade Fixação por audiência Homero também abriu o jogo sobre a fixação do apresentador por audiência. Gugu foi o primeiro apresentador a colocar um monitor no estúdio com o ibope em tempo real, desencadeando uma das maiores guerras da audiência da história da TV. Segundo ele, o próprio Gugu comandava o que continuava ou não no ar durante o “Domingo Legal”, que batia a Globo com frequência. “Houve um fator que modificou o Gugu e hoje em dia talvez eu tivesse a atitude diferente do que eu tive na época. Um dia eu estava passando no corredor, olhei para o lado, vi uma máquina. Falei: ‘O que é isso?’. Era uma coisa que o Ibope estava testando, que é o minuto a minuto. O bichinho mordeu ele“, falou. “Pela primeira vez no mundo foi usado minuto a minuto num programa ao vivo. Então, iam cantores para cantar cinco músicas, cantavam uma. E um sinalzinho. Obrigado! E tinha gente que foi para cantar uma e cantou 18. O nome é Mamonas Assassinas. Essa vez, depois eles ainda foram algumas vezes, mas essa vez marcou demais, porque o programa inteiro foi Mamonas. E quem ditou isso foi a máquina“, recordou. “Isso modificou muito o Gugu. Era um olho na máquina e um olho no programa. Nós tínhamos os mostradores no palco. Às vezes, a câmera flagrava. O Gugu ia fazer uma entrevista… Começava a falar com a pessoa. Caiu 1 ponto. Caiu 2 pontos, ele cortava a entrevista. […] Ele cortava sem dó. Quando ele via que caía, ele cortava“, entregou Homero. Entrevista com ‘PCC’ Por fim, Salles relembrou um dos momentos mais cruéis para Gugu, a entrevista com falsos integrantes do PCC. “Eu vi ao vivo. E aí eu olhei a iluminação, e quem é de televisão… Você já sabe. Não gostei do que eu vi. Quando ele chegou na segunda-feira, o clima era outro. O clima era de comemoração. Porque deu muita audiência e muita repercussão. Então, nós passamos uma segunda-feira inteirinha gravando iludidos. Eu e ele. Eu mesmo sabendo, brinquei com ele, né? Falei, Gugu: ‘Tá meio produzidinho, não?’. Ele não tem nada a ver com isso. E não tinha mesmo. E aí foi meio comemoração na segunda-feira, terça-feira o mundo caiu. Terça-feira o mundo caiu, eu fiz o que eu pude pra ajudar“, contou. “Durante a semana, teve gabinete de crise, contratamos especialistas, etc. Mas eu não participei disso. Assim como não participei quando ele atravessou o túnel de fogo e queimou a mão. Eu também não estava lá nesse dia. […] Ele não comentava, mas pesou, pesou muito. O SBT saiu do ar. Nós perdemos R$ 11 milhões de comerciais. Parte do desgaste durou mais tempo. Grande parte por conta da imprensa, que não deixava o assunto morrer. Ficava reverberando muitos e muitos dias, semanas. Não morria mesmo. Mas isso incomodava bastante, incomodou bastante o Gugu. O tempo cura. Se levou um ano pro comercial se recuperar, no mínimo dois, três anos pro Gugu”, concluiu. Veja a entrevista na íntegra:
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Fonte: hugogloss.uol.com.br