Nesta sexta-feira (27), Sean “Diddy” Combs ouviu as declarações finais de sua defesa no julgamento em que responde por tráfico sexual, extorsão e transporte para prostituição no tribunal federal de Manhattan, nos Estados Unidos. O rapper, de 55 anos, é acusado de ter usado sua empresa e funcionários para promover crimes sexuais ao longo de duas décadas, incluindo coagir mulheres, entre elas Cassie Ventura, a participar de sessões sexuais forçadas com outros homens.
Durante quatro horas de argumentação, o advogado Marc Agnifilo tentou desmontar as acusações, descrevendo o relacionamento de Diddy com Cassie como “uma grande história de amor moderna” e dizendo que, apesar de “complicado”, era “baseado no amor”. “Eles se amavam em voz alta”, afirmou Agnifilo aos jurados. Ele disse que “ela sempre teve liberdade para ir embora. Ela escolheu ficar porque estava apaixonada por ele, e ele estava apaixonado por ela”.
O advogado reconheceu a violência registrada em 2016, quando câmeras de segurança flagraram Diddy arrastando Cassie pelos cabelos e desferindo socos e chutes em um corredor de hotel. “Nós somos os responsáveis pela violência doméstica”, disse Agnifilo, mas insistiu que seu cliente não cometeu tráfico sexual ou extorsão. “Ele vai lutar até a morte para se defender do que não fez”, completou. Agnifilo descreveu o relacionamento do rapper com Cassie como um romance intermitente, dizendo que “se a conspiração de extorsão tivesse um oposto, seria o relacionamento deles”. Ele alegou que a cantora terminou a relação em 2018 por “uma escolha adulta” e que as mensagens trocadas entre os dois na época seriam capazes de emocionar os jurados: “Se você quiser ler uma linguagem linda, linda… leia os textos. Você vai chorar. Você vai ler provas com um adesivo de prova, e vai chorar”. Defesa de Diddy exibiu fotos de Cassie no julgamento (Foto: Divulgação/Departamento de Justiça) O advogado também falou sobre os encontros sexuais promovidos por Diddy, que teriam sido feitos sob consentimento. O governo alega que Cassie e outras mulheres foram forçadas a participar de “freak-offs” (como eram chamados os encontros envolvendo drogas, acompanhantes masculinos, óleo de bebê e lubrificantes). Agnifilo minimizou os relatos e defendeu que se tratava de um “estilo de vida swinger”: “Ambas as mulheres eram participantes consentidas e, às vezes, entusiasmadas de ‘surtos’, que o advogado caracterizou como noites agradáveis em ‘belos quartos de hotel’”. Sobre as filmagens realizadas por Diddy durante os atos sexuais, afirmou: “Ele não é o único homem nos Estados Unidos a fazer pornografia caseira”. Continua depois da Publicidade Cassie Ventura, que prestou depoimento durante quatro dias em maio, relatou aos jurados que não tinha controle sobre sua própria carreira ou vida sexual enquanto esteve com Diddy. “Seja carreira, sexo, tudo, eu não tive muita influência”, disse ela no tribunal, destacando que enfrentava “discussões violentas” que “geralmente resultavam em abuso físico”. Cassie relatou: “Sean é uma pessoa realmente polarizadora. Ele era muito charmoso. Era difícil decidir naquele momento, quando ele estava dizendo o que queria. Eu simplesmente não sabia o que aconteceria”. Ela também detalhou o término com Kid Cudi, com quem teve um breve relacionamento, afirmando que as ameaças de Diddy foram determinantes para o fim do namoro. No tribunal, Agnifilo se referiu a Cassie como “gângster” e declarou que “ela se igualava a ele, ela era como ele, ela estava em um certo nível”. Sobre um “telefone descartável” que Cassie usou para falar com Kid Cudi, o advogado disse: “Não vou julgá-lo, mas ela o interpretou bem e isso não é algo que qualquer um pode fazer”. Diddy e Cassie se relacionaram por 10 anos. (Foto: Getty) Continua depois da Publicidade Diddy se declarou inocente das acusações de tráfico sexual, extorsão, tráfico sexual por força, fraude ou coerção, e transporte para prostituição. Ele está preso desde setembro e poderá pegar prisão perpétua caso seja condenado pela acusação principal. A defesa ainda solicitou a absolvição completa. “Peço que absolvam Sean Combs de todas as acusações. Ele não é um mafioso. Ele está lá, inocente, então, devolvam-no à sua família”, finalizou Agnifilo. Após sete semanas de julgamento, em que 34 testemunhas foram ouvidas, o júri deverá iniciar as deliberações na próxima segunda-feira.
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Fonte: hugogloss.uol.com.br