Ler resumo O “Fantástico” exibiu depoimentos de Hytalo Santos e MC Euro, influenciadores presos na Paraíba, durante a investigação por produção de conteúdo com adolescentes. A reportagem mostrou trechos das oitivas e a posição da defesa, além de atualizar o andamento do processo.
Neste domingo (30), o “Fantástico” exibiu uma reportagem sobre o caso dos influenciadores Hytalo Santos e Israel Natã Vicente, conhecido como MC Euro. O programa mostrou trechos do depoimento de Hytalo, que se tornou réu por exploração sexual de menores. Na oitiva, ele alegou que o conteúdo produzido com adolescentes teria caráter “cultural”.
Hytalo e Israel foram presos em 15 de agosto, em Carapicuíba (SP), e transferidos para o Presídio do Róger, em João Pessoa, no fim do mês. Desde 28 de agosto, permanecem em prisão preventiva. Ambos eram investigados por tráfico de pessoas e exploração de menores devido à produção de conteúdos com crianças e adolescentes para redes sociais. Em 23 de setembro, a 2ª Vara Mista de Bayeux (PB) aceitou parcialmente a denúncia, tornando-os réus por produção de conteúdo pornográfico envolvendo crianças e adolescentes. Durante o depoimento, Hytalo foi questionado sobre os crimes imputados — exploração sexual, tráfico humano e produção de pornografia infantil. “Você estava praticando esse crime?”, perguntou o magistrado. Hytalo respondeu: “Não, vossa excelência. Eu me sinto até um pouco constrangido, por ter feito tanto por essas crianças, tanto por esses adolescentes que estão nesses autos e ter que responder, por mais que seja obrigatório estar respondendo aqui, mas me dói. Me dói muito”. Depoimento de Heraldo Santos e MC Euro é exibido no Fantástico – 1 pic.twitter.com/ByrF8YEv96 — WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) December 1, 2025 Questionado se o brega funk, ritmo que ele ensinava aos adolescentes e usava em vídeos, seria “obsceno, apelativo ou de letras pornográficas”, Hytalo negou. “A letra, tanto do brega funk, quanto de muitas músicas de funk, quanto de muitas outras músicas, tem o que a realidade é colocada naquele lugar, naquela periferia”, disse.
Ele também afirmou: “Eu nunca cheguei a gravar vídeos com cenas pornográficas nem com cunho sexual. E a gente só gravava a nossa rotina com a cultura de periferia, que é de onde eu venho. Entre Recife e João Pessoa, o ritmo mais escutado hoje, daqui, produzido, e está no Brasil inteiro, é do ritmo de brega funk. Que as coreografias e os passos usados, por alguns, é visto com esse olhar [de cunho sexual]. Mas pra gente que é da periferia e é da arte, não é”. Diante da insistência do promotor, reforçou: “Eu não considero”. Sobre a convivência com os jovens, Hytalo negou que crianças de até 12 anos morassem com ele e o marido, mas confirmou que quatro adolescentes viviam na casa. “Na verdade, os pais sempre fizeram parte, né? Era uma criação de mão dupla. Eles passavam a maior parte do tempo comigo, mas iam ver os pais também”, afirmou. Depoimento de Heraldo Santos e MC Euro é exibido no Fantástico – 2 pic.twitter.com/IoEyCGLShY — WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) December 1, 2025 Continua depois da Publicidade Ele também afirmou que não recebia dinheiro diretamente das redes sociais, mas sim de publicidades — segundo ele, entre R$ 400 mil e R$ 600 mil por mês. Sobre pagamentos aos adolescentes, declarou: “Os pais eram, mas não por obrigação, não por combinado, eu me sentia no direito de fazer por eles”. Quanto às roupas usadas pelos jovens nos vídeos, disse: “Eram as roupas que a gente sempre costumou usar. É o que a gente é acostumado a viver, né, Vossa Excelência?”. Hytalo revelou ainda que seus Stories no Instagram alcançavam de 4 a 5 milhões de visualizações diárias, e que os vídeos recebiam entre 1,2 milhão e 1,7 milhão de curtidas. Ao ser perguntado se os comentários do público tinham teor sexualizado, respondeu: “Como nossos vídeos tinham muita repercussão, Vossa Excelência, os comentários chegavam a ter 20 mil comentários, 30 mil comentários. E a maioria dos comentários era baseada na força de cada personagem, como era visto por eles”. Segundo o Ministério Público, os vídeos de Hytalo com adolescentes eram monitorados desde 2020. Promotores orientavam o influenciador a ajustar coreografias e retirar conteúdos do ar. Ele citou a atuação de uma promotora chamada Ana: “A promotora Ana, ela me acompanhou como promotora substituta lá em Cajazeiras em 2020. Nessas atuações de Ana, ela pediu pra parar as gravações de vídeo, ela foi bem incisiva assim, que as adolescentes poderiam gravar sozinhas no perfil delas, mas que não poderiam ter a minha presença”, revelou Hytalo. De acordo com Hytalo, cerca de 800 vídeos foram removidos de suas plataformas no último ano. Continua depois da Publicidade Hytalo também foi questionado sobre sua relação com Kamylinha Santos, emancipada aos 16 anos. Ele admitiu ter custeado uma cirurgia de prótese de silicone para a jovem. A promotoria quis saber se ele produziu conteúdo pornográfico com a imagem de Kamyla ou se teria incentivado ela e outros adolescentes a praticar sexo — ele negou. “Eu nunca influenciei ninguém a ter nem relacionamento afetivo. E o que eu filmava dos relacionamentos das pessoas que elas conheciam é porque eu preferia que fosse com acompanhamento meu e da mãe do que elas fizessem escondido”, pontuou. Kamylinha, hoje com 18 anos, confirmou em depoimento que enxerga Santos como um pai e que nunca se sentiu explorada por ele. Continua depois da Publicidade A reportagem também exibiu trechos do depoimento de Israel Natã Vicente, o MC Euro. Marido de Hytalo Santos, o influenciador demonstrou forte emoção ao falar sobre a convivência com os jovens. “Nossa vida era uma vida familiar, a gente era uma família, realmente, entendeu? Eu tenho pra alegar que lá atrás, quando a gente iniciou, em Cajazeiras, a gente, nem eu, nem Hytalo tínhamos dinheiro, não tínhamos condições de nada. E Kamyla, o pessoal, todo mundo amava a dança, Hytalo dava aula de dança. Eles viram um formato, uma forma de sair daquela escassez, daquela vida que não tinha expectativa, de sair da Paraíba, do sertão, pra ser alguém e ajudar a família deles”, pontuou. Quatro ex-funcionários também prestaram depoimento, incluindo dois policiais militares que atuavam como seguranças do casal. Eles afirmaram nunca terem interpretado como pornográficos os vídeos gravados com adolescentes, mas disseram que tinham acesso restrito ao interior da casa, não acompanhando toda a rotina. Além das acusações de exploração infantil, Hytalo e Israel também respondem a um segundo processo, no Ministério do Trabalho da Paraíba, que os investiga por supostamente comandar um esquema de tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, além de submeter crianças e adolescentes a condições análogas à escravidão. O caso ainda aguarda manifestação formal da defesa. Assista à terceira parte da matéria, clicando aqui. Continua depois da Publicidade Santos encerrou o depoimento com um desabafo e não conteve a emoção ao lamentar a repercussão do caso: “Eu não vou estar livre nunca mais do que fizeram com minha imagem. Onde eu cheguei agora, eu sou visto como pedófilo, eu sou visto como um abusador, eu sou visto como uma pessoa pervertida”. Depoimento de Heraldo Santos e MC Euro é exibido no Fantástico – 4 pic.twitter.com/2z9EmUhPjo — WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) December 1, 2025 Na última sexta-feira (28), um novo pedido de habeas corpus para o casal foi negado pelo Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB). A defesa alegava que o processo deveria tramitar na Justiça Federal. Um pedido liminar para libertá-los também foi rejeitado. Segundo o g1, a defesa de Hytalo Santos e MC Euro foi procurada, mas não respondeu. Continua depois da Publicidade Relembre o caso Hytalo e Israel foram presos no dia 15 de agosto, em Carapicuíba, São Paulo, e transferidos para o Presídio do Róger, em João Pessoa, no fim do mês. Desde 28 de agosto, permanecem em prisão preventiva. Eles eram investigados por tráfico de pessoas e exploração de menores em razão da produção de conteúdos para redes sociais envolvendo crianças e adolescentes. No dia 23 de setembro, a 2ª Vara Mista de Bayeux, na Paraíba, aceitou parcialmente a denúncia contra os influencers, tornando-os réus por produção de conteúdo pornográfico com crianças e adolescentes. Na decisão, o juiz Bruno Cesar Azevedo Isidro determinou o desmembramento do processo: a Vara da Infância e Juventude ficará responsável apenas pelo crime previsto no artigo 240 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que trata da produção de pornografia infantil. Já os demais delitos – tráfico de pessoas (art. 149-A), exploração sexual de crianças e adolescentes (art. 218-B) e favorecimento da prostituição (art. 228), todos do Código Penal – serão analisados pela Vara Criminal do município. Segundo a decisão, o Ministério Público da Paraíba denunciou o casal por todos esses crimes, mas a competência da Vara da Infância e Juventude se restringe às infrações previstas no ECA. Caso de Hytalo Santos ganhou repercussão após a denúncia de Felca, exposta na internet (Reprodução/Youtube/Facebook) Continua depois da Publicidade As denúncias contra Hytalo ganharam repercussão nacional após o vídeo de Felca, publicado em 6 de agosto. No material, o youtuber expõe supostos casos de exploração infantil nas redes sociais, citando o influenciador paraibano, e menciona festas e conteúdos impróprios envolvendo a criadora Kamylinha e outros influenciadores teen. A repercussão levou o Ministério Público da Paraíba a solicitar medidas judiciais. As investigações ocorrem em duas frentes: uma cível, conduzida pelo MP, e outra criminal, sob responsabilidade da Polícia Civil, ambas apurando possíveis violações ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 🚨 Vídeo mostra o momento em que Hytalo Santos e marido são presos em São Paulo 🎥 DEIC pic.twitter.com/ofK0O3A4kL — Hugo Gloss (@HugoGloss) August 15, 2025
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Fonte: hugogloss.uol.com.br